Ébola
Este
tema, o ébola, foi-nos enfiado pelos olhos dentro de uma forma vergonhosa
durante o mês de Agosto. No final de Agosto, depois de conversas de milhões de
doólares, a coisa foi esfriando e agora são residuais as notícias que nos
chegam. Antes de mais convém referir que o ébola já é conhecido enquanto agente
patogénico desde 1976, é tão mortal hoje como era ontem (+de 90%) e
periodicamente faz estragos profundos nas populações que afecta.
Há
vários dias que este tema me morde a nuca, se intromete ao jantar, no fundo me
deixa a cabeça a doer. É tão aberrante o espectáculo que me dói a alma. Os
cenários transmitidos pela televisão são dignos de filmes da idade média, por
vezes sou empurrada para cenas do filme “O Nome da Rosa”, só que estamos no
século XXI… combater uma epidemia vírica com armas de fogo é no mínimo
estranho. Repugna-me assistir a cenas que só pensava possíveis nos cenários
hipotéticos da literatura ou do cinema
Uma
das cenas mais caricata é a fuga de doentes dos asilos de quarentena, por terem
fome, fome!! Os doentes fogem do hospital para evitar morrer de fome!! O que é
isto?? Uma cena do “Ensaio Sobre a Cegueira”? Infelizmente é real, e os doentes
foram perseguidos quais cães raivosos, e encarcerados à força no mesmo lugar de
onde tinham fugido. Afinal vão morrer de qualquer jeito para quê desperdiçar
comida com condenados?
Os
Estados Unidos vão gastar nesta crise 750milhões de dólares, em apoio bélico,
formação e também na construção de
centros de tratamento até 1700 camas (http://www.publico.pt/mundo/noticia/eua-anunciam-reforco-do-combate-ao-ebola-na-liberia-1669792).
É uma atitude de louvar, embora seja muito pouco. Para além das construções
previstas vão enviar um contingente assustador de homens que não são
agricultores, nem pescadores, nem cozinheiros, nem outra coisa qualquer útil e
que com eles não carregam comida nem medicamentos que, pelo menos atenuem a dor
dos que vão morrer, mas sim chumbo, balas e granadas. O actual presidente até
parecia destoar do discurso mentecapto que tem caracterizados as anteriores
administrações, até pensava em acesso à saúde para todos os americanos e em deixar
de se armar em polícia do mundo, mas parece que já embruteceu. A loucura
saudável já era, agora temos lá um idiota como o antecessor, que envia soldados
para um cenário em que a estratégia conducente à vitória passa por tudo menos
por tiros. Num cenário de crise como o vivido em África, qualquer leigo fazendo
análise simplista e básica, conclui que: são precisos médicos e enfermeiros e
centros de tratamento com condições e equipamento; é precisa comida e água em
abundância para minimizar as deslocações em sua busca; são precisos professores
capazes de colmatar as lacunas de conhecimento que estarão para sempre na base
das hecatombes que se abatem sobre estas sociedades; e claro tempo e paciência.
Isto o mundo pode oferecer. Só não dá porque não quer. Portas adentro são
precisas pessoas, nos postos de decisão, inteligentes e honestas, deve haver
por lá, é só uma questão de os procurar.
Mas
esta questão de ébola ainda me deixou outra pulga em alvoroço. O vírus é velho,
todos os anos vai matando, muito estudos devem/podem já ter sido feitos,
contudo, este verão o mundo viu o ébola! Antes nunca os nossos puros e limpos
olhos tinham contemplado semelhante horror, o que não faz com que não
existisse. Será que o facto de um empresa farmacêutica ter interesses económicos
no caso tenha despoletado a campanha publicitária gratuita? Será que de facto o
medicamento é eficaz? Não terão conseguido cobaias humanas gratuitas e com
lucro logo à partida? É, o ébola deixa-me a cabeça cheia de cenários
cinematográficos, agora aterrou-me em cima “O fiel Jardineiro” do grande
Fernando Meirelles.
Paul de Grauwe: "Vai demorar muito tempo" para que Portugal recupere
O economista belga considera que a austeridade aplicada em Portugal "matou a economia". O maior desafio agora é o de conseguir reduzir o rácio da dívida sobre o PIB. Paul de Grauwe avisa: "Vai demorar muito tempo" para que Portugal recupere.
A dívida pública portuguesa aumentou no primeiro semestre deste ano, aumentou 9,6 mil milhões de euros face ao final do ano passado, tendo atingido os 134% do produto interno bruto (PIB). A meta para o final do ano assumida pelo Governo é de 130,2%.
Este aumento é o resultado da austeridade intensa "que matou a economia", afirmou Paul de Grauwe em entrevista à agência de informação chinesa Xinhua, citada pela Bloomberg.
"A austeridade levou a sucessivas quedas acentuadas da produção, a grandes aumentos no desemprego e no rácio de dívida/PIB. Teve um impacto desastroso em Portugal", salientou o responsável.
"O maior desafio de Portugal é reduzir o rácio dívida/PIB", sendo que o país "deve estimular a economia, e isso vai demorar muito tempo". Especialmente numa altura que, para o professor da London School of Economics, e ex-conselheiro de Durão Barroso, "é altamente improvável que a economia da Zona Euro cresça".
As pontes do amor
Cirandando
pela net tropecei numa imagem horrível de cadeados. Isso trouxe-me à memória um
dia em que, passeando por Veneza, fui confrontada com alguns quilos, muitos de
certeza, de ferralha agarrada às pontes, não às de pedra, mas em todas as
outras em que existe algum sítio para pendurar. Fiquei curiosa, e fui
investigar. Perguntei a uns adolescentes, ainda imberbes, que me explicaram ser
uma tradição para selar o amor que os unia. Pessoalmente achei o espectáculo
aberrante, na altura apenas pela sua fealdade, posteriormente também pelo
ridículo que encerra em si. Dei uma volta pela net e encontrei aquela que pode
ser a origem deste costume imbecil, que até pode fazer sentido tratando-se de
adolescentes, mas que ao tocar em adultos assume um carácter de tal forma
ridículo que me arrepia. Terá sido um romancista italiano, Francisco Moglia, o
“pai-sem-querer” desta pseudotradição, uma vez que em dois dos seus romances de
amor (antigamente chamavam-se “de cordel”…) os apaixonados fazem as juras de
amor eterno sobre a ponte Milvio, acorrentam esse amor e de seguida lançam a
chave às águas do Tibre. Ora esta bizarrice já provocou estragos nesta ponte e
só não continua porque as autoridades, em claro desrespeito pela seguranças dos
amores jurados, vão eliminando o lixo e deixando a (velhíssima) ponte limpa de
tolices e disparates. Se tem ficado por lá, por Roma, enfim… quase se aceitava,
mas não, a tolice alastrou e neste momento a sagrada instituição do matrimónio
corre sérios riscos de ser substituída por outra aparentemente mais segura. Os
adultos sabem que o casamento não confere lá grande segurança à eternidade dos
amores e então é vê-los, quais diminuídos em termos sinápticos, a aferrolharem
o amor numa qualquer ponte, de preferência longe, para garantir a quimera,
lançando com fervor e juras solenes as chaves dos cadeados às águas de um
qualquer rio. Em Paris foi feito um apelo para que o amor parasse de colocar em
risco obras belíssimas e tão prenhes de história e que já sobreviveram a guerras
(que tristeza… sobreviver a guerras e morrer em nome de tanto amor!) mas parece
que isso não surtiu efeito. Em Roma e na Irlanda não há qualquer contemplação
das autoridades pelos “acadeamentos” e de pronto são removidos (será isso
divórcio?). Por cá já se vêem, mas ainda não são perigosos. Mas não deixa de
ser crime!
Quando
comecei a pensar neste assunto a primeira palavra que me assomou ao espírito
foi “vandalismo” e é a que se mantém. É vandalismo alterar/destruir/mutilar
algo. Se aplicado a edifícios ou monumentos assume um carácter ainda mais
agressivo. Seria então conveniente que esta nova categoria de vândalos – os
vândalos do amor – se deixasse de tolices e se lembrasse que a história (e seus
monumentos!) não tem donos nem amarras. Os jovens podem sempre manter-se
apegados às tradições dos cadeados virtuais, os adultos, depois de crescerem
ficam a saber que o amor é eterno até que se acaba. A santa madre igreja anda
há séculos a tentar garantir a eternidade do amor sem sucesso, não será, por certo,
a obra de um qualquer engenheiro a consegui-lo. Ainda nenhuma universidade tem
o curso de “engenharia do amor”…
Como
pode alguém não se sentir mal por ter contribuído para esta porcaria?
Nesta
ponte, veneziana, a tolice ainda só está a começar…
Mais Platão, menos Prozac! (Artigo de Manuel Sérgio, 42)
Manuel Sérgio
Há cinco anos atrás, o livro deu que falar. Recupera-se o título: Mais Platão, menos Prozac! O autor é Lou Marinoff, professor de Filosofia no City College of New York. No meu primeiro ano, na Faculdade de Letras, a disciplina de História da Filosofia Antiga obrigou-me a estudar Platão. Recordo que este filósofo nasceu em 427, antes de Cristo, de uma das mais aristocráticas e ricas famílias atenienses e faleceu, de morte súbita, com oitenta anos, encontrava-se ele num ruidoso banquete nupcial. A tradição, sempre fecunda em engenhosas e mirabolantes interpretações, compraz-se em atribuir à largura dos ombros e ao porte atlético a comutação do seu primitivo nome de Arístocles para Platão (em grego, platús: largo). A influência de Sócrates é evidentíssima, nos diálogos platónicos. O seu nome figura, em todos eles, com exceção das Leis. Mas o problema gnoseológico de Platão gravita, em torno da Teoria das Ideias. Segundo Platão, as Ideias existem num tempo, fora do tempo e do espaço, habitado pelas almas, antes destas se terem precipitado no cárcere corpóreo. Daí que as Ideias sejam divinas por essência e o mundo das Ideias o verdadeiro mundo dos deuses. Por isso, só em estado de absoluta pureza pode entrar-se em contacto com o mundo sagrado e divino. E isso consegue-se tão-só pela libertação do corpo corruptor. “A purificação, escreveu ele no Fédon, consiste em separar, o mais possível, a alma do corpo e acostumá-la a recolher-se em si mesma e a viver, quanto lho permitam as circunstâncias presentes, isolada, inteiramente liberta dos laços que a prendem ao corpo”. Portanto, para Platão, a alma racional é substância completa, espírito puro, anterior ao corpo, com o qual vive acidentalmente.
Para o filósofo das Leis, a alma é um ser puramente espiritual. No ser humano, está unida ao corpo, mas é mais antiga do que ele. O corpo não passa de lôbrego cárcere, que a arrebatou à sua existência espiritual e a arrastou para o mundo material onde vive contrafeita, dirigindo o corpo, sem dele precisar, nem a ele se sentir subordinada em coisa alguma!... Ora, poucos filósofos terão exercido tão profunda influência, nas várias correntes do pensamento, como Platão. De facto, Plotino, S. Agostinho, S. Boaventura, Descartes, Leibniz, Schopenhauer, Bergson, Blondel, etc. manifestam uma nítida afinidade ideológica com o mestre da academia. Há universais concretos, ou valores, de que nos devemos aproximar, para sermos felizes e, sendo felizes, podermos ser saudáveis. Viktor Frankl, antigo professor de Neurologia, da Universidade de Viena, tem uma afirmação que merece ser refletida: ”Nós, médicos, passamos a vida a dizer aos nossos doentes faça exercício físico, não coma açúcar, não coma sal, etc. e esquecemo-nos de lhes dizer que o primeiro fator de saúde é que a vida tenha sentido para nós”. Portanto, para o médico Viktor Frankl, não se concorre a uma boa saúde só porque se palmilham quilómetros atrás de quilómetros, mas quando esse esforço físico se integra numa existência que nos traz a felicidade possível. Inverter a prevalente taxa de sedentarismo bem é, conquanto não se pense que o ser humano é uma simples máquina, sem razão nem espírito, os quais podem também adoecer, no meio do treino físico mais sistemático, e transformarem-se assim em iniludíveis fatores de risco. A promoção da actividade física e desportiva não pode ser tão empírica que esqueça ser o desportista uma complexidade ou uma realidade multidimensional onde deverão ter-se em conta o corpo, o desejo, a mente, a natureza, a sociedade e não tão-só o corpo, cartesianamente entendido como físico apenas. Porque, segundo Viktor Frankl, o sentimento de felicidade é (não sendo o único) o primeiro fator de saúde. Podemos voltar ao livro Will to meaning, de Viktor Frankl, “tomar posição diante dos fenómenos somáticos e psíquicos implica o alçar-se para além destes níveis e abrir-se a uma nova dimensão, a dimensão do fenómeno noético, ou dimensão noológica, como distinta das dimensões biológica e psicológica. É nesta dimensão que os fenómenos mais marcadamente humanos se situam e donde, mais de perto, se divisa a saúde”.
A atividade física já foi reconhecida como o instrumento mais barato de saúde pública. Mas há valores que devem presidir à atividade física para que se alcance mais rapida e solidamente a saúde. Com mais Platão, isto é, com valores verdadeiramente humanizantes, dispensa-se a ingestão de Prozac. E até o Desporto se modifica... para melhor! Muita atividade física e desportiva, sem valores de referência, sem ética, sem modelos desmitificadores, gera um vazio espiritual, que leva inevitavelmente a frustrações sem conta. Ou seja, a actividade física, por si só, pode não “dar saúde”, se não promover o humano, na sua integralidade. A biologia, a fisiologia afirmaram-se, como elementos decisivos de progresso, na história do treino desportivo. Surgiu mesmo, entre os treinadores, com incomparável dinâmica, uma nova mentalidade, em que o biológico explicava o homem todo e, a partir daí, a biologia se impunha ao treino como sua dimensão essencial. Só, que, por detrás dos desempenhos físicos, escondem-se experiências mentais interiores de agrado ou desagrado. No rendimento desportivo, a problemática dos valores e da motivação é de importância inapagável. Há muito a fazer, no treino desportivo, para além da preparação física. O ser humano (e portanto o desportista) é um animal axiológico, porque beneficia de um cérebro que lhe permite atribuir qualidades às perceções. Uma vida, com valores de forte caráter antropológico, é (a ciência assim o confirma) o principal fator de saúde! Digamos sem receio, portanto: ser feliz dá saúde!
"Meets"
O conceito é simples, é um encontro. Até aqui nada de pernicioso. Os jovens marcam estes ‘meets’ através das redes sociais e encontram-se num lugar pré-determinado com um objetivo pré-definido.
Pode ser através do Facebook, como aquele que aconteceu perto do Centro Comercial Vasco da Gama e que resultou em cinco polícias feridos e quatro jovens detidos. Neste encontro, contra o racismo, as confusões levantaram-se, alegadamente, por razões paralelas ao ‘meet’ em si.
Cristina Ponte, investigadora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, afirmou em entrevista à TSF que estes encontros não são necessariamente negativos.
“É algo bastante frequente nos jovens que sentem que, estando ligados através das redes sociais, quando estão reunidos, é uma celebração da sua energia e da sua força”, explicou, acrescentando que os desacatos são “exceção”.
Acrescente-se que estes ‘meets’ não acontecem apenas no Facebook, a plataforma de partilha de imagens Instagram também serve de veículos para encontros, onde grupos de amantes de fotografia se encontram para passar uma tarde em conjunto e nunca se registaram desacatos.
(in, http://www.noticiasaominuto.com/pais/265549/afinal-o-que-e-isto-dos-meets)ts"
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